quinta-feira, 7 de maio de 2020

Os Sounds Systems e os estúdios

        Não nos resta dúvida que nos anos 40, os ritmos mais tocados na Jamaica eram o Calypso e o Mento, influenciado pelo Jazz norte americano. Neste período, as bandas geralmente possuíam muitos integrantes que durante as apresentações realizavam diversas pausas na qual comiam e bebiam demasiadamente, sempre por conta da casa. Dessa forma ficava cada vez mais inviável para bares e casas noturnas a contratação de bandas para tocar ao vivo e assim entreter o público, pois sabemos que a Jamaica era um país que a maior parte da população tinha baixo poder aquisitivo. Nasce daí então a ideia da criação de um sistema de som amplificado controlado apenas por um “Deejay”, tendo como o principal objetivo enxugar gastos e render mais lucros a bares e casas noturnas.


          
       Com a ideia lançada, jovens ambiciosos começam a construir os seus próprios Sounds Systems, na qual para mantê-los, era preciso vender bebidas alcóolicas nas festas  ao publico que era adepto da cena. Os sistemas de som eram denominados “Hi-Fi”, os amplificadores e cornetas eram embutidos inicialmente em velhos móveis de madeira para garantir mais potência e longo alcance sonoro, onde posteriormente foram substituídos com a criação das Scoops e Radiolas. 


       A crescente importação de discos de vinil provenientes da Inglaterra e Estados Unidos faziam com que os  Deejays e seletores enriquecessem cada vez mais o seus sistemas de som amplificados e, consequentemente a cena Sound System local, estabelecendo assim uma concorrência interna baseada em ritmos específicos das seleções musicais na qual, eles se enfrentavam muitas vezes com músicas inéditas e exclusivas que outro sistema de som não possuía. Essa disputa era chamada de “Sound Clash” e começou a ganhar grandes proporções quando os “Rude-boys” (seguidores de determinado sistema de som) começam a invadir os bailes dos adversários e assim destruindo os vinis, as agulhas e as caixas, alegando quase sempre que estavam em defesa de seu território. 


      Os seletores da época criaram um habito que até hoje é mantido na cena Sound System mundial, que é, em sua maioria tirar os selos (rótulos) dos discos para que os concorrentes não descubram qual é o nome do artista que canta determinada faixa gravada no disco. Com o crescente acesso as prensas de vinil, os seletores gravavam seus próprios discos com suas faixas favoritas e versões de músicas já existentes, discos esses que geralmente eram produzidos em estúdios de bairro e propagavam assim os talentos locais.

       Com o decorrer dos anos, a disputa entre os seletores foi ficando cada vez maior e mais exigente. Chegando a 3 grandes nomes na segunda metade dos anos 50: Clemente Coxsone Dodd, fundador do Studio One, um estúdio que ganhou proporções gigantescas e chegou a gravar discos para grandes nomes como os Skatalites, Bunny Wailer e até Bob Marley. O estúdio One foi fundamental para o nascimento e desenvolvimento de ritmos como o Ska e o Rocksteady. Arthur "Duke" Reid tinha um Sound System invejável com nome de Trojan, este mesmo nome foi colocado no selo de sua gravadora, a Trojan Records que até hoje é considerada a maior gravadora de Ska do mundo. E por último e não menos importante Vincent "King" Edwards que era considerado o rei do Sound System, chegando a ter o maior e mais potente sistema de som amplificado da ilha em meados 1959.
       A rivalidade dos três gerou diversos conflitos entre seus seguidores, frequentadores das festas, havendo até relatos de mortes durante brigas nos bailes. Com a necessidade de mais seguidores, os três faziam incontáveis viagens até os Estados Unidos gerando uma considerável demanda para as fábricas de vinil norte-americanas. Foi aí então que os vinis de 7” começaram a não apenas serem importados para ilha, mas também a serem comercializados internamente pelas lojas, motivando assim a criação e crescimento da indústria musical jamaicana.

        Apesar do Álbum “Mento : Jamaican Calypsos Vol 1 & 2 [1950] Mixtape ser do gênero de Mento e Calypso, foi escolhido por nós como recomendação por conta de ser um dos primeiros ritmos a serem tocados nos Sound SystemsSão dois álbuns que foram gravados no primeiro estúdio da Jamaica que tinha como dono Stanley Motta. O mesmo gravava as bandas locais de Mento e Calypso e enviava os seus masters para a Grã-Bretanha para serem masterizados mixados e finalmente prensados em vinil, os vinis voltavam para a ilha para serem comercializados dentro do cenário Sound System. O álbum duplo foi prensado primeiramente em vinil e anos depois lançado em fita (mixtape).Levou cerca de 3 anos para toda sua produção ficar pronta e voltar da Europa, ele conta com um compilado de artistas renomados da década de 50. O álbum de Calypso e Mento é um compilado com músicas cadenciadas e conta com um toque dos metais do Jazz estadunidense.







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