sábado, 16 de maio de 2020

Os subgêneros da música jamaicana: Jazz e Blues

             A Ilha jamaicana é composta por uma pluralidade de culturas e costumes que foram trazidas do continente africano e suas tradições muito específicas sofreram influência da cultura colonial branca, permitindo lhes tirar a identidade na condição de negro escravizado. No entanto, esse apagamento gerou uma resistência das mais variadas formas desses negros nas Américas.Se tratando de música, em qualquer país de origem colonial nota-se que uma tradição preta sempre dialoga com a outra, ainda mais quando esses países são praticamente irmãos no quesito da ocupação inglesa. As populações negras dos EUA e Jamaica tem muito em comum nesse quesito. Os negros norte-americanos sofreram muito nas colônias do sul nas plantações de algodão, em que nada lhes era permitido além de cantar enquanto trabalhavam, o que estabeleceram subterfúgios para suportar a existência na condição de escravo, onde se coloca como fundamental os ritos para o fortalecimento das tradições africanas. No século XX, o surgimento do Blues e do Jazz está atrelado a isso, já que após a abolição da escravatura os negros começam a ter acesso aos instrumentos ocidentais como o trompete, o saxofone, a guitarra elétrica e o banjo.

           Esses gêneros tem como característica as letras de caráter religioso e de canções que denunciavam o sofrimento nas plantações e as linhas de baixo e instrumentação. O blues começou com apenas uma linha repetida quatro vezes, mas com o decorrer dos anos se estruturou o padrão AAB, que se faz a partir de uma linha cantada sobre as quatro primeiras, a repetição nas quatro próximase, em seguida uma linha de conclusão mais longa sobre as últimas linhas. O aparecimento desses gêneros se deu principalmente nos estados do Alabama, Mississipi e Geórgia, e o Jazz se destaca na cidade de Nova Orleans, Louisiana.

            A chegada desses ritmos na ilha jamaicana se deu nos anos 20 através da indústria do turismo, espaço esse que se fez cada vez mais importante para a economia do país. Músicos norte-americanos e jamaicanos tocavam frequentemente nos hotéis e teatros, estabelecimentos esses, que disputavam entre si para atrair mais clientes. A geografia da maior ilha das Antilhas propiciava um ar de diversão e de dança, destino certo para os turistas bem abastados ao passar o verão nesses hotéis.





            A ‘Alpha Boys’ School’’, uma instituição em Kingston administrada por freiras, formava inúmeros músicos talentosos que depois de formados, conseguiriam uma carreira e estabilidade financeira através das bandas militares ou dos clubes de Jazz. Nomes como Joe Harriot, Diizy Reece, Don Drummond, Tommy McCook, se destacam como alunos da escola Alpha Boys que potencializaram o Jazz dentro da Jamaica.


       A evolução musical que esses gêneros trouxeram aos jamaicanos se fazem presentes principalmente a partir da década de 50 aonde o apego ao rhythm and blues dá espaço ao SKA, ao Rocksteady, tendo de influencia norte-americana e inglesa o uso dos metais na formulação de suas músicas, mas sem perder a autenticidade que a cultura jamaicana possuía. Portanto é importante perceber que o contato com os colonizadores e suas expressões culturais potencializou a necessidade de reafirmar uma identidade genuína que se faz presentes em todas as populações negras das américas. Muito do Jazz e do Blues ainda tem o seu espaço musical estabelecido, com um propósito quase que exclusivamente de atrair excursionistas como o Festival “Jamaica, Jazz and Blues Festival” que acontece desde 1996.  
             
     O Álbum “Studio One Scorcher” da gravadora Soul Jazz Records é um compilado de faixas de alguns dos músicos e bandas mais importantes que foram influenciados de uma forma ou de outra pelo Jazz e Blues. A sequencia de musicas evidenciam bem o uso dos metais e da guitarra elétrica, gerando uma sonoridade única que só os jamaicanos possuem.    


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